#35 O canto dessa cidade é meu
Michel Jackson no Pelourinho, em Salvador, 1996. Gravação do clipe de "They don't really care about us".
Rio de Janeiro: (Claudinho e Buchecha, 1996) "Na praça da play-boy ou em Niterói/Na fazenda Chumbada ou no Coez/Quitungo, Guaporé, nos locais do jacaré/Taquara, Furna e Faz-quem-quer/Barata, Cidade de Deus, Borel e a Gambá/Marechal, Urucânia, Irajá/Cosmorana, Guadalupe, Sangue-areia e Pombal/Vigário Geral, Rocinha e Vidigal/Coronel, Mutuapira, Itaguaí e Sacy/Andaraí, Iriri, Salgueiro, Catiri/Engenho Novo, Gramacho, Méier, Inhaúma, Arará/Vila Aliança, Mineira, Mangueira and Vintém/In Posse and Madureira, Nilópolis, Xerém/Ou em qualquer lugar, eu vou te admirar".
Paris: (Joe Dassin, 1969) "Eu vagava pela avenida/O coração aberto aos desconhecidos/Eu queria dizer bom dia à não importava quem/Não importava quem e foi você/Eu disse-lhe qualquer coisa/O suficiente para falar com você/E lhe cativar/Na Champs-Elysée/Na Champs-Elysée/Ao sol, na chuva, ao meio-dia ou a meia-noite/Há tudo o que você quiser/Na Champs-Elysée".
São Paulo: (Tom Zé, 1973) "Augusta, gracas a deus/Entre você e a angelica/Eu encontrei a consolação/Que veio olhar por mim/E me deu a mao/Quando eu vi/Que o largo dos aflitos/Não era bastante largo/Pra caber minha aflição/Eu fui morar na estação da luz/Porque estava tudo escuro/Dentro do meu coração".
Ceará: (Luiz Gonzaga) "A vida aqui só é ruim/Quando não chove no chão/Mas se chover dá de tudo/Fartura tem de montão/Tomara que chova logo/Tomara, meu Deus, tomara/Só deixo o meu Cariri/No último pau-de-arara/Só deixo o meu Cariri/No último pau-de-arara".
Juazeiro e Petrolina: (Alceu Valença, 1998) "Na margem do São Francisco, nasceu a beleza/E a natureza ela conservou/Jesus abençoou com sua mão divina/Pra não morrer de saudade, vou voltar pra Petrolina. Do outro lado do rio tem uma cidade/Que na minha mocidade eu visitava todo dia/Atravessava a ponte, ai que alegria/Chegava em Juazeiro, Juazeiro da Bahia./Hoje me lembro que no tempo de criança/Esquisito era a carranca, e o apito do trem/Mas achava lindo quando a ponte levantava/E o vapor passava num gostoso vai e vem./Petrolina, Juazeiro, Juazeiro, Petrolina/Todas duas eu acho uma coisa linda/Eu gosto de Juazeiro e adoro Petrolina.
Nova Iorque: (Frank Sinatra, 1979) "Comece a espalhar a notícia/Estou partindo hoje/Eu quero ser parte disso/Nova Iorque, Nova Iorque/Estes sapatos vagabundos/Estão querendo passear/Diretamente através do coração de Nova Iorque, Nova Iorque/Eu quero acordar naquela cidade/Que nunca dorme/E descobrir que sou o rei do pedaço/O maioral/Estes blues de cidade pequena/Estão se derretendo/Eu vou fazer uma nova marca/Na velha Nova Iorque".
Bahia: (Dorival Cayme, 1984) "Nas sacadas dos sobrados/Da velha São Salvador/Há lembranças de donzelas/Do tempo do Imperador.
Tudo, tudo na Bahia/Faz a gente querer bem/A Bahia tem um jeito/Que nenhuma terra tem".
Paris: (Gaël Faye, 2017) "Paris desperta um céu oceânico/O sotaque titi mistura-se com a Ásia, América, África/Eu sou uma flor temerosa nas rachaduras de concreto/Para ganhar dois tostões, para dormir as pontes/ Paris boêmia, Paris mestiça, Paris âncora e exílio/ "Je piaffe l'amor"/ Medita uma mulher chinesa em Belleville/ Leonardo da Vinci quebra as costas em um canteiro de obras/ eu vejo a vida em rosa nestes braços paquistaneses/Ele vira o giroscópio, pequeno cavalo carrossel/ Galope após os artilheiros que encolhem a Torre Eiffel/De uma ocupação, de uma favela, de um quarto de empregada ou de um foyer/ Eu te escrevo poemas onde às vezes eu quero me afogar.
Minas Gerais: (Ary Barroso, 1930) "No rancho fundo/Bem pra lá do fim do mundo/Onde a dor e a saudade/Contam coisas da cidade..../No rancho fundo/De olhar triste e profundo/Um moreno canta as mágoas/Tendo os olhos rasos d"água/Pobre moreno/Que tarde no sereno/Espera a lua no terreiro/ Tendo o cigarro por companheiro/Sem um aceno / Ele pega da viola/E a lua por esmola / Vem pro quintal deste moreno".
Latinoamerica (Calle13, 2010) "Sou um pedaço de terra que vale a pena/Uma cesta com feijão/ eu sou maradona contra a Inglaterra/Marcando dois gols/Sou o que sustenta minha bandeira/A espinha dorsal do planeta, é a minha cordilheira/Sou o que me ensinou meu pai/O que não ama sua pátria, não ama a sua mãeSo américa latina, um povo sem pernas, mas que caminha/Você não pode comprar o vento/Você não pode comprar o sol/Você não pode comprar chuva/Você não pode comprar o calor/Você não pode comprar as nuvens/Você não pode comprar as cores/Você não pode comprar minha alegria/Você não pode comprar as minhas dores".
São Paulo: (Caetano Veloso, 1978) "Alguma coisa acontece no meu coração/Que só quando cruza a Ipiranga e Av. São João/É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi/Da dura poesia concreta de tuas esquinas/Da deselegância discreta de tuas meninas/Ainda não havia para mim Rita Lee/A tua mais completa tradução/Alguma coisa acontece no meu coração/Que só quando cruza a Ipiranga e avenida São João".
Uma ótima viagem a todos! :)
: Dicas a bordo :
~ A análise de Christian Dunker sobre Bacurau
~ O funk e a criminalização da cultura periférica jovem no Brasil
~ O show não pode parar: 130 anos de Moulin Rouge, em Paris em fotos incríveis
~ Chega de exposições de arte os só temos autores homens: museus do mundo inteiro reescrevem a história do Renascimento e do Barroco
Até a próxima,
Luísa
ps. Quer ler as cartinhas antigas? Vai no View Letters Archive. Gostou dessa newsletter e quer compartilhar? Esse é o link! Se quiser responder à essa cartinha, é só responder ao e-mail mesmo, e é muito bem-vindo :)