#50 City of stars
~Vista de Los Angeles em La La Land~
Há 50 edições eu comecei a escrever aqui algumas coisas sobre a vida urbana. Lá na edição 35, reuni algumas músicas que cantavam esses cenários e recriavam a imagem de algumas cidades. Hoje, em edição comemorativa, no cinema. Algumas cidades são tão filmadas que é quase impossível escolher uma só, mas dei preferência para aqueles onde o cenário urbano contribui de alguma forma pra história que está sendo contada.
Boa sessão a todos! :)
Rio de Janeiro: Claro, um filme com nome de estação de trem: Central do Brasil marcou minha infância e um rio onde a Central apresenta personagens tentando sobreviver na cidade grande.
São Paulo: "Que horas ela volta?" é uma obra prima da diretora Ana Muylaert. Um filme sobre a casa grande e a favela, sobre São Paulo e Pernambuco e as relações de trabalho injustas que são perpetuadas nas grandes cidades brasileiras. O desenho da casa principal, a periferia, a passagem pela FAU - a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP colocam a arquitetura e urbanismo como pano de fundo dessas relações.
América Latina: Inspirado na história de Che Guevara, Diarios de Motocicleta atravessa a América do sul para conhecer suas raízes. Dirigido por Walter Salles.
Buenos Aires: Medianeras é o termo em espanhol para "fachada cega" e se tornou o filme recente mais comentado entre arquitetos e entusiastas da vida urbana.
Los Angeles: La la land é um musical que homenageia musicais e a cidade que gira em torno do sonho americano: a casa, o carro, o cinema, a "liberdade"; já Hollywood é um seriado da Netflix que volta nos anos 1940 para mostrar como essa cultura era, mas também como poderia ter sido.
Sacramento: Assim como Los Angeles, outras cidades da Califórnia tem uma paisagem urbana tão diferente do que entendemos por "urbano" que quase dá pra esquecer que a cidade está lá. Em Lady Bird, dirigido pela incrível Greta Gerwig, essa cidade invisível marca a vivência da personagem principal: ela mora "do lado errado da linha de trem" e tem uma experiência de autonomia quando dirige pela primeira vez digna do antigo sonho urbano americano.
Nova York: São tantos filmes e séries gravados lá que se você deseja morar em Manhattan você automaticamente autoriza que sua imagem apareça em alguma mídia. Aqui, de novo Greta Gerwig dialoga com a cidade: em Frances Ha, a confusão e espontaneidade da metrópole encontram seu par perfeito na protagonista.
Obs.: Greta Gerwig co-escreveu o roteiro de Francis Ha com seu então marido Noah Baumbach, diretor desse e de "História de um casamento", outro filme onde as cidades estão ali pra contribuir com a história. No casamento, uma história de paridades: Nova York, esse ápice urbano, denso e caótico, onde você pode levar seu filho pra escola à pé X Los Angeles, a cidade do automóvel, rodovias e ar livre.
Paris: Luta de classes é uma comédia francesa que está sendo transmitida pelo Festival Varilux em casa e pra mim retrata lindamente a Paris contemporânea: uma cidade de mistura de povos, culturas e religiões, tentando achar um caminho para seguir revolucionária. Ainda fala de alguns detalhes da vida pública (algo central na cultura francesa), como a escola pública onde todos estudam ser aquela do bairro, para que todos possam ir à pé e conhecer seus vizinhos.
Uma ótima viagem a todos! :)
:Dicas a bordo:
(Edição especial "o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão")
~ Boi Neon: no meio do agreste, é um dos meus filmes brasileiros preferidos, roteiro surpreendente, atores e trilha sonora sensacionais
~ Futuros possíveis: esse episódio do Mamilos sobre as potências do agreste, e esse sobre Alter do Chão, que acabou de ganhar uma menção honrosa no The Webby Awards para conteúdos na internet.
~ Uma vida anti-urbana: essa cartinha que escrevi sobre o filme Capitão Fantástico
~ Cinema, aspirina e urubus: clássico filme brasileiro, disponível no Netflix
~ A fantasia pós-pandêmica de fugir da cidade: um podcast curtinho, bacana e em espanhol <3
Até a próxima,
Luísa
PS. Quer ler as cartinhas antigas? Vai no View Letters Archive.
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