"Um homem do povoado de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir no alto do céu e na volta contou: disse que tinha contemplado lá de cima, a vida humana, e disse que somos um mar de pequenos incêndios. "O mundo é isso", revelou, "um monte de incêncios". Não existem dois incêndios iguais, cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras, existem incêndios grandes e incêndios pequenos, e incêndios de todas as cores. Existe gente e incêndio sereno, que nem fica sabendo do vento. E existe gente de incêndio louco, que enche o ar de faíscas. Alguns incêndios, incêndios bobos, não iluminam nem queimam. Mas outros, outros ardem a vida com tanta vontade que não se pode olhá-los sem pestanejar e quem se aproxima: se incendeia".
Texto de Eduardo Galeano.
Ninguém acredita em mim quando eu digo que sou tímida. Talvez seja porque eu fale muito, ou porque eu fale alto, ou porque eu fale rápido, ou porque eu fale bem. Mas mal sabem eles que erram, que eu sou tímida e sempre fui, desde quando eu era uma criança quieta, envergonhada e introspectiva, até eu fazer teatro com 16 anos e entender que eu tinha mesmo uma pessoa extrovertida dentro de mim.
Professor introspectivo é ruim, você sabe melhor que eu. É aquele professor que fala pra dentro, que não articula, que preferia ser exclusivamente pesquisador e lidar apenas consigo mesmo em seu laboratório de química, do que enfrentar umas dezenas de estudantes agitados em um só cômodo. Você deve estar pensando que timidez e introspecção são a mesma coisa, mas eu acho que, curiosamente, não são.
Eu devia ter uns quinze anos quando comecei a admirar tanto meus professores que desejei virar um deles. Um deles que era aquela figura bem showman, falava alto, fazia graça, abria portas pra gente conhecer um mundo novo.
Eu falo muito porque as coisas me impressionam; falo alto porque sinto raiva; falo rápido porque tenho medo de que meus pensamentos escoem pelo ralo, falo bem porque gosto de falar. Consegui virar professora apesar de ser tímida porque estar com outras pessoas me dá o alívio de sair um pouco de dentro da minha própria cabeça. Porque cada estudante é um mundo exterior.
Estar ao redor das pessoas me dá a sensação como se eu estivesse correndo de olhos fechados, mas não trombando em todas as coisas, e sim correndo certeira. Não dá tempo de processar muito mais do que aquilo que está acontecendo e isso é um presente. Digo que sou tímida e extrovertida ao mesmo tempo (e conheço pessoas que não são nem um pouco tímidas e são introspectivas); tímida por ter sempre um certo medo e vergonha latente comigo, extrovertida porque é maior a minha vontade de ouvir e perguntar e trocar e instigar. Extrovertida porque as pessoas me dão energia, tímida porque me importo com o que os outros pensam. Professora porque pude pegar o melhor disso tudo e transformar em profissão.
Uma ótima viagem a todos! :)
:Dicas a bordo:
~ “Greve nas federais - um impasse” (podcast)
~ 20 anos de Gmail
~ Em defesa da distração - uma delícia acompanhar o percurso da
no mestrado~ Eu vou ter uma crônica e uma poesia publicadas na antologia “Nós 2”, do Selo Flip Off !
Até a próxima!
Luísa
ai adoro os diários <3 e fiquei felizona com a sua indicação!
Um amigo chama essa mistura de extrovertímido.
Eu ainda faço uma separação: online eu sou muito social, comunicativo, participativo. No presencial eu só sou assim se estou em meio a amigos. Numa sala de aula (como aluno) eu sou aquele que entra mudo e sai calado.