'“Aluna! Aluna! Aluna!!!” Foi a primeira coisa que me veio à cabeça quando li a pergunta “Professora ou aluna?”, no lindo livreto “Uma pergunta por dia”. Estou viciada nesse “livro” desde que a
o indicou. Parece uma proposta simplória, mas o impacto tá sendo enorme, todo dia parar e me dar um minuto pra pensar sobre algo da minha vida que nunca me ocorreu pensar antes.Eu me surpreendi com essa voz na minha cabeça, porque “professora” era algo que eu sonhava ser desde que estava no ensino médio. E olha que a pergunta não era nem muito específica, não dizia se você preferia ser uma coisa ou outra, se gostava mais, se queria ser, ou se apenas era. A pergunta era apenas “professora ou aluna?”. E, ainda que eu ame muito ser professora, essa é uma função que é antecedida pela “função” de aluna. Aprender é um direito das crianças, mas é também uma forma de estar no mundo.
Sofri uma enorme quantidade de bullying quando era criança por gostar de estudar. E achava aquilo muito estranho, porque veja, estudar é muito legal. É um combo de conhecer mundos novos e de ~ achar que controla as coisas porque se sabe~ que sempre me caiu muito bem. Eu gostava de pegar blocos das enciclopédias Barcas ou Larousse que tinha lá em casa e sentir que tinha algo novo ali pra mim (sim, eu era *muito* nerd).
Esse ano eu comecei uma pós-graduação latu senso, que significa “sentido amplo” e se opõe ao mestrado, onde se estuda algo específico (strictu sensu). Depois de sair do mergulho doutorado e pandemia, eu passei alguns anos vagando no velho mundo novo até conseguir me autorizar a estudar algo para o meu bel prazer. Adivinhem: é literatura.
É engraçado entrar em uma pós-graduação latu senso em uma área nova, porque ela não é uma graduação, onde se estuda uma área do conhecimento desde o início, mas tampouco é uma especialização acadêmica onde se propõe um aprofundamento maior em algum tema. Esse tipo de pós é como um passaporte. Te autoriza a fazer uma viagem por um país estrangeiro, onde o idioma pode ser mais ou menos parecido com o seu de origem.
A minha origem está sempre lá. Pode ser porque a graduação é uma experiência tão forte que você pra sempre parte de um mesmo campo para pensar as coisas. Ou pode ser porque, assim como a literatura, a arquitetura também é um campo de composição (prefiro essa palavra à “criação”), então é impossível não ficar todo o tempo criando paralelos. Tem sido uma experiência refrescante. Sinto muito por todo mundo que teve professores ruins, pouco acessíveis ou empáticos, métodos de ensino pouco estimulantes, ou que foi obrigado a estudar algo que detestava, mas como é bom abrir novas portas, construir novas possibilidades, se surpreender com a beleza de novas obras ou de crescer à cada dia um pouco em um ofício e uma área do conhecimento.
Uma ótima viagem a todos! :)
:Dicas a bordo:
~ No dia que eu descobri que nos podcasts pessoas ensinavam, compartilhavam, falavam sobre todos os assuntos de forma livre e gratuita, eu quase chorei. Talvez por isso eu tenha ficado viciada nesse formato. Hoje em dia eu uso pra tudo, me distrair, buscar uma informação específica, conhecer mundos novos. Ouço muita coisa de psicologia. Recentemente descobri uma turma que está apresentando e discutindo o trabalho de Wilhelm Reich com a terapia corporal e estou adorando.
~ Quando museus são virados de cabeça para baixo com essas duas exposições inusitadas sobre Picasso (e uma é de curadoria da Hanna Gatsby!)
~ Meu seriado de escola preferido: Merlí.
~ Enquete: qual seu filme/série de professor/aluno/escola/faculdade preferido? Comenta aqui!
Até a próxima!
Luísa
Por muitos anos fui professora, trabalhando em escolas mesmo. Mas estou muito adorando ser aluna/aprendiz em tudo, acho mais enriquecedor e satisfatório. E um viva à internet que facilitou demais (apesar dos problemas).
Amo Merlí!