Fevereiro chegou com o ano novo chinês, Iemanjá e a linda sintonia de 2/2/22, mas essa cartinha ainda está de férias por motivos de: janeiro foi 5 meses em um. E para não matar de saudades minhas leitoras e leitores, deixo aqui um poema de um livro pequeno mas muito bonito de uma troca de cartas entre poetas, e também uma breve seleção das melhores cartinhas de 2021. A poeta é a mineira Ana Martins Martins Marques, de quem sou uma grande admiradora, e o livro é “Como se fosse a casa (uma correspondência)”, escrito junto com Eduardo Jorge e lançado pela editora Relicário.
Deixo também um breve formulário do Google pra você me contar o que gostaria de ver por aqui esse ano (cidades Brasil e mundo afora, filmes, livros, questões, reflexões urbanas e companhia): responde aqui, vai!
“hoje ela é o ponto mais noturno da noite
o nó maior do tráfego
enquanto as janelas pouco a pouco se acendem
ela perde a conta das estrelas
e dos faróis que formam em torno da praça
um semicírculo de luz
*
Ela recebeu mas não leu
o regulamento do prédio
o protocolo de incêndio
nos objetos alheios
- alguma vez morou aqui
alguém que amava as imagens-
deposita-se quieta a memória de outros corpos
de coisas acabadas ou mal acabadas de nascer
feridas antigas, indecifráveis, mas que de algum modo
ainda perduram
na parede vermelho-
amor que não cicatrizou
*
O que mais a impressiona são os corredores
ela poderia percorrê-los
durante horas
mas de repente se dá conta de que não andou
nem um metro a mais
do que o necessário
entre o elevador e a porta do apartamento
a não ser no primeiro dia, quando errou o caminho
porque não tinha entendido a lógica
par para um lado ímpar
para o outro
- ela está
do lado par”.
6 edições de 2021 desta newsletter para revisitar:
Uma ótima viagem a todos! :)
:Dicas a bordo:
~ Meu podcast preferido voltou de férias e eu amei esse episódio “2002, o ano que nunca acabou”. Você pode achar aleatório, mas eu me surpreendi com a quantidade de coisas que aconteceram há 20 anos atrás. Eu tinha 13-14 anos e tava no esquema escola-cinema-clube-televisão só que sem a parte do clube. Teve a eleição do Lula, o Brasil virou pentacampeão na Copa do Mundo, teve o filme Cidade de Deus, o lançamento do Euro, primeiro Big Brother Brasil, e, se você foi adolescente como eu, certamente vai reviver uns bons momentos lembrando dos Tribalistas, Capital Inicial, Wherever you will go, a Thousand Miles, Dilemma e cia.
~ “O Eduardo achou estranho e melhor não comentar, mas a menina tinha tinta no cabelo”: escolha um horário alternativo pra não pegar salas com muita gente, mas vá ao cinema ver Eduardo e Monica, a versão em filme da música dos anos 1980. Uma história amor bem linda, com direito à musa Alice Braga, às covinhas do Gabriel Leone, telefone fixo, poesia, Brasília, Rio de Janeiro e escolhas que mostram a razão nas coisas feitas pelo coração.
~ “And all that jazz”: coloque uma máscara bem justinha e vá ao teatro ver Chicago: a versão brasileira do musical está bem linda.
~ Completamos 100 anos desde a Semana de Arte Moderna de 1922 e a programação em São Paulo está extensa: bora (de máscara) pra uma exposição?
Até a próxima!
Luísa
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