Um centro histórico particularmente pequeno - na medida exata pra todo mundo se encontrar. Uma energia que misturava jogos universitários, como bem definiu a Babi Bom Angelo, a feira do livro da USP e uma vizinhança antiga em festa de rua. TUDO - DE - GRAÇA. É incrível a potência da cultura quando é acessível a todos - uma experiência que deveria ser cotidiana.
Uma tomada na parede, uma mesa em um dos poucos estabelecimentos com luz na cidade, quatro pessoas desconhecidas param pra carregar o celular. Foi nessa cena inusitada que eu conheci uma ghostwriter com histórias fantásticas, um estudante de relações internacionais fã de ficção científica e um jornalista econômico num papo divertido que durou mais que o esperado.
Casas de pessoas - residências - vestidas de centro cultural e pessoas mais famosas do que quatro paredes. A FLIP foi um festival de longas filas para ver escritores e pensadores muto esperados. Eu captei logo a melhor estratégia e cheguei 2 mesas antes da que eu realmente queria ver. Quem ganhou fui eu - a programação da casa Estante Cultural estava imperdível e valeu todo o desconforto da acomodação.
Acompanhar a programação oficial ou se perder pelas ruas? A segunda opção certamente foi a melhor. O site da FLIP não condensa as casas de editoras e demais instituições então ficou muito difícil saber de tudo que estava acontecendo ao mesmo tempo. Ainda assim, eu sempre achei que estava na hora certa no lugar certo.
A Vera Iaconelli falou sobre maternidade e cuidado, mas a melhor parte foi bater papo com uma mãe solo de 50 anos e sua filha de 13 na fila de espera. Há tempos eu não topava com a experiência incrível que é conversar com desconhecidos, foi inesperado e enriquecedor!
Eu só senti falta de 3 coisas:
Casa Substack: será que essa linda startup que nos abriga um dia vai pra Flip? Eu adoraria ver a
falando sobre sua transição da mídia tradicional pra essa plataforma.Ensaios: mesas e debates sobre essa forma de literatura. Vi programação sobre diferentes escritas, mas senti falta dessa. Se alguém achou, me conta.
Preço dos livros: devo estar perdendo alguma informação sobre a produção da Flip, mas não entendi por que não rolou uma proposta real tipo feira da usp, já que tinha tanta gente reunida com vontade de comprar livros. Em geral vi tudo por 60-70-80 reais e achei pouco acessível.
A única parte paga - e cara - era a programação do auditório montado em uma tenda grande na cidade. Mas, do lado de fora, outra tenda foi montada para transmitir as mesas de dentro. Foi uma ótima solução, as cadeiras eram muitas, o telão, enorme, o som funcionou super bem e, pra quem não foi, ainda tem gravação de ótima qualidade no youtube.
A FLIP foi impactante demais pra mim. Foi a primeira vez que eu fui e veio em um momento catártico nesse fim de mês. Eu me senti inebriada, apaixonada, virada do avesso por passar os dias de um jeito que amo, ver falar discutir e aprender sobre literatura e cultura, encontrar amigos, pessoas que só conhecia via internet e que admiro muito, beber, comer, cair o queixo com a beleza de cada esquina do centro histórico de Paraty. Pra quem tem dúvidas, recomendo demais. Ano que vem é possível que mude de época do ano, foram muitas críticas ao novembro quente e chuvoso. No mais,
Quem eu amei encontrar:
provando que a pessoa que é simpática quando estamos perdidas e sob a chuva, é porque é gente fina meesmo! - esse dia chegou! Que lindo ver você como mediadora e poder trocar ideias <3 nem acreditei quando vi e menos ainda quando descobri que viramos vizinhas. , logo que cheguei e fiquei feliz de ver logo uma mesa independente. Também vi e tietei a linguista Jana Viscardi, a psicanalista Ana Suy e a escritora Tati Bernardi, essa amada e odiada, mas de quem eu gosto exatamente por ser uma pessoa real, normal e inspirada, que traduz suas neuroses em palavras bonitas e com humor. As vezes cansa? Sim, mas eu me divirto. Eu amei vê-la, a mesa com a Natalia Timerman foi linda e ainda ganhei autógrafo pra minha mãe - quem a lia desde antes da internet. Valeu demais.Uma ótima viagem a todos! :)
:Dicas a bordo:
~Especial FLIP - Os livros que eu me interessei a partir das mesas que vi:
~ Constelações: Ensaios do corpo, de Sinead Gleeson
~ Me chama de Cassanda, de Marcial Gala;
~ Pagu no Metrô, de Adriana Armony;
~ Triste não é ao certo a palavra, de Gabriel Abreu;
~ Estela sem Deus, de Jefferson Tenório
~ Natureza Urbana, de Joana Bértholo
Até a próxima!
Luísa
Eu apoio a casa substack! :)
fiquei tão tão tão feliz em te encontrar <3
e adorei o seu resumo da Flip! já deu saudade daquela bagunça toda ;)