Planeta Água
Aquarela da incrível @EstelaMiazzi
Como cresci perto do mar, sempre tive uma ideia inconsciente de que árvores e o verde eram como um cenário. Bonito, porém longe.
Em São Paulo, descobri que se você não for a algum parque pelo menos de vez em quanto, não há chances de você passar quatro estações com um nariz saudável. E que abraçar árvores é bem legal.
Em Paris, conheci as quatro estações do ano e fiquei sem acreditar quando vi uma árvore toda cor-de-rosa. As pessoas que vivem em climas temperados parecem ver muito sentido num ano que passa em ciclos, embora eu mesma ache muito estranho. As cidades mudam de cor: verdinho na primavera, amarelo no verão, rosa no outono e branco no inverno.
Já ouvi dizer que na natureza é o único lugar onde "o homem" não se sente julgado. Acho que faz sentido.
Em São Paulo e em Paris, pisar na grama faz parte de um retorno ao calor, de um direito do colega que passou alguns meses trancado em casa ou nos casacos. No Rio é proibido pisar na grama. Só pode na areia.
Tentaram botar areia em São Paulo, mas, sem o mar, faz sentido?
Na Espanha, passei pelo rio de onde Cristóvão Colombo saiu pra invadir as Américas, viajando em um navio de madeira. O rio Gualdaquivir. Tão perto e tão longe, quinhentos anos e um oceano.
Quando tinha 12 anos li o livro da família Schurmann, que deu a volta ao mundo em um veleiro. Mas não acreditei.
O Ibirapuera é um parque urbano, mas de urbano não lá muita coisa: de longe, parece que só é acessível via catapultas, tamanhas as grades. São 9 portões ao total, cercado por avenidas. Mas, se você ultrapassar esse acesso nada convidativo, há vida de toda sorte lá dentro. Insetos, peixes, cachorros, pessoas e várias aulas quase gratuitas. A grama não cobra aluguel (ainda). A marquise e boa parte dos prédios foram projetados por Oscar Niemeyer no início dos anos 1950 e o parque pelo paisagista Otávio Augusto Teixeira Mendes.
Uma vez em São Paulo, nunca deixe de ir no Ibirapuera. As árvores ainda estarão lá pra você abraçar.
Uma ótima viagem a todos!
: Dicas a bordo :
~ "Entender é parede: procure ser árvore" - O trabalho de fotografia e selva da @helenapcooper
~ Arquitetura e mar: Antes da internet, as revistas eram o meio que arquitetos usavam para se comunicar mundo afora. Algumas publicações (r)existem até hoje e a Architectural Review é uma delas (ela começou em 1896 :O). Pra ler tudo é preciso pagar, mas de graça dá pra acessar alguns textos e imagens (incríveis) desse número sobre o oceano.
~ A invasão de tirar o fôlego que o Henrique Oliveira faz
~ Em 1966 foi registrada a primeira fotografia da Terra. Caetano Veloso, na prisão, viu a foto numa revista e compôs uma das músicas que eu mais gosto de sua autoria: "Terra, terra, por mais distante o errante navegante, quem jamais te esqueceria?"
~ Quem diria que um dia a gente poderia seguir o instagram da NASA? Imperdível.
~A newsletter do fotógrafo Jonathan Haldorf sempre me convida a ter um olhar diferente sobre as coisas
~ "O mar de dentro também é imenso", Estela Miazzi
Até a próxima,
Luísa
ps. Quer ler as cartinhas antigas? Vai no View Letters Archive.