Tão perto, tão longe
Ilustração do Troche
Gosto de falar dos encontros que acontecem apesar das distâncias. Essa impressão que pontes se fazem nos quatro cantos do mundo ficou mais forte em Paris, naturalmente, onde vi isso acontecendo algumas vezes. Das pessoas que se mudam por amor, por trabalho, por vontade, por oportunidade ou por sobrevivência. Também de como somos um traçado bem longo e sinuoso pelos caminhos que nossos ancestrais fizeram, e das pequenas partes da gente que estão em vários lugares perdidos do mundo. Por isso, reuni algumas das coisas que vi por lá.
Na copa, vários times como Bélgica e França com vários jogadores imigrantes de primeira geração, ou seja, seus pais nasceram no estrangeiro. É uma transformação forte e importante na mistura de nacionalidade, identidade, esporte e sobrevivência.
Conheci no Brasil uma menina querida cuja mãe é francesa e o pai é um brasileiro. Apesar de dizer que detesta o brasil (não, não perguntei o porquê), ele cozinha arroz todo dia e ela leva na marmita pro trabalho, mostrando por lá como a gente come por aqui 🙂
Duas amigas brasileiras estão casando com franceses que conheceram em seu intercâmbio. Alias, houve uma exposição numa estação de metrô (!) sobre os filhos Erasmus – programa mais bem sucedido da União Europeia, que concede bolsas de estudos em outro país da Europa. Os Erasmus babies são os filhos de casais que se conheceram através dessa bolsa de estudos ❤
Aqui não tem “comida árabe”, tem “comida marroquina”, “comida libanesa” e por aí vai.
Se você fosse no correio enviar uma carta ou postal, há três opções: France, autre-mèr e internacional. Aí eu fui descobrir que a opção do meio não é apenas internacional (ultra-mar) como eu me confundi inicialmente, mas são os territórios da França que ficam… fora da França! São chamados em português de territórios ultramarinos e são os lugares colonizados pela França que não tem independência. Muitos deles são ilhas ou arquipélagos. Copiadinho da wikipedia, são:
Na América – Guiana Francesa, São Pedro e Miquelão, São Martinho e São Bartolomeu, Guadalupe e Martinica.
Na África – Maiote e Reunião.
Na Oceania – Nova Caledônia, Wallis e Futuna, Marquesas, Arquipélago da Sociedade e Polinésia Francesa.
E na Antártica, Terra Adélia, Kerguelen, Crozet, Amsterdam e São Paulo.
O laboratório de pesquisa onde estiveu aqui em Paris tem pesquisas e pesquisadores de todo canto. Um arquiteto intercambista (como eu, fazendo um estágio de pesquisa aqui) é de um país da áfrica chamado Togo, que eu fui descobrir no google, fica perto da Nigéria, mas é bem menor. Tem um outro pesquisador iraniano que mora em Paris há dez anos, tem uma pesquisadora francesa que estuda mobilidade em áreas precárias na América do Sul, e assim vamos numa troca muito da rica.
Uma ótima viagem a todos! :)
Um ps. especial: Mudei o nome de compartilhamento do meu pro da cartinha mesmo, Trem das Onze. Então os links de compartilhamento e de arquivo mudaram mas já atualizei nos ps.s ali embaixo!
: Dicas a bordo :
~ O metrô de São Paulo faz 50 anos, e, mesmo sendo pequeno pra uma cidade tão grande, tem boas histórias pra contar.
~ Livros são uma das melhores formas de se conectar com lugares, mesmo os longe de você. Nessa listinha, livrarias independentes em várias cidades do Brasil <3
~ Nessa cartinha eu falei da falta de nomes comuns nas ruas de Brasíilia quando foi feito seu planejamento - e olha só, o povo deu seu jeito
~ Um vídeo com fotografias de rua desde 1989!
~ Ponte aérea é um daqueles filmes brasileiros que deveria ter sido mais conhecido do que foi, pois é muito bom. Apenas a história muito bem contada sobre um relacionamento à distância (Netflix)
Até a próxima,
Luísa
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