Um encontro do carnaval com a festa junina
Ainda é setembro e eu ainda estou no clima de voltar ao passado e comemorar dez anos dessa experiência, já que o presente está sem comentários e o futuro, por hora, está suspenso. Vamos juntos pro sul da Espanha?
Em abril, ou maio, ou quando o clima de primavera já está instalado, acontece em Sevilha o maior evento do ano: a Feira de Abril, algo que me pareceu uma mistura de carnaval com festa junina. Há dez anos atrás eu tive o prazer de aproveitar até o último tinto de verano que eu encontrei pela frente, e já que estamos em mês de comemoração da época que eu fui pra lá, vamos de festa.
Sevilha é uma cidade pequena para os moldes latino-americanos, mas é a capital da Andaluzia, região do sul da Espanha que é conservadora e tradicional, mas também muito festiva, quente e universitária. Sevilla e Granada, cidades vizinhas, são conhecidas por receberem estudantes do mundo todo, mas principalmente os europeus que usam o programa de intercâmbio Erasmus. Pode parecer mais um passaporte pra fazer festa estudar, mas foi de fato um programa criado pelas Nações Unidas no pós guerra para aproximar os países através daquilo que melhor daria frutos no futuro: jovens. E é um considerado um de seus programas mais bem sucedidos, acho que já contei isso aqui porque acho essa informação super interessante.
É no sul da Espanha que ainda se realizam touradas com muito engajamento (ao contrário da moderna Barcelona, onde as arenas foram transformadas em outras coisas, inclusive shoppings). É em Sevilha que acontece uma semana santa onde estátuas de santos desfilam em um tipo de carro alegórico super enfeitado e mobilizam a cidade toda.
Mas a Feria é uma coisa a parte. É o momento que todos passam o ano esperando, compram os melhores trajes e mergulham por uma semana nesse universo paralelo, que recebe centenas de milhares de pessoas por dia.
O terreno onde acontece a Feria é enorme (40 mil m²) e fica no sul da cidade, fora do núcleo histórico-turístico, mas não muito longe (facilmente alcançável a pé, por exemplo). Ele é dividido entre pequenos loteamentos com construções temporárias, as casetas, que pertencem a famílias, clubes, empresas da cidade e etc., e são abertas para a rua, onde se pode ver a confraternização e pessoas dançando as sevillanas, uma variação regional do flamenco. Também há várias casetas abertas ao público, onde se pode comprar comida, tapas de jamon e queijo, tomate, pescados, tortillas e cia, e beber o famoso tinto de verano, uma variação refrescante da sangria. As ruas as ruas internas da Feria são um charme a parte, super decoradas e cheias de gente a pé ou a cavalo(!) normalmente vestidas a caráter, ou seja, uma explosão de cores e estampas. Os trajes da moda são caríssimos, então eu comprei o meu em um mercado de pulgas mesmo e deu super certo.
Uma ótima viagem a todos! :)
:Dicas a bordo:
~ Mission Blue é um documentário sobre Sylvia Earle, oceanógrafa internacionalmente reconhecida por suas pesquisas no oceano. É sobre meio ambiente, sobre o planeta, sobre o mar e também sobre a terra, mas sobretudo, uma ode de amor às mulheres na ciência. Imperdível. (Netflix)
~ Museu dos Meninos é um projeto artístico de registro da juventude do Complexo do Alemão e arredores, no Rio de Janeiro. Nas palavras deles, porque são lindas:
"Museu dos Meninos nasce pela necessidade de estar vivo. É uma experiência de tempo. É rasurar, criar uma fenda, abrir um beco pra que essas palavras, corpos e imagens e sons, sejam uma cicatriz no tempo. É pra ferir a história que nos mata e que agora não nos esquecerá".
~ Elena Ferrante volta a Napoles, mas dessa vez com o caminho inverso: em seu novo livro, a protagonista parte da zona rica da cidade em direção à periferia para buscar as origens de sua família (Revista Gama).
~ Window swap é o melhor link de hoje: aqui você pode abrir uma janela em qualquer lugar do mundo (impressionante!)
Até a próxima,
Luísa