Viemos do Egyto
Pirâmides do Egito. Imagem do Google Maps.
Na época que eu estava em Sevilla eu queria muito ir ao Egito, mas o país estava com problemas políticos sérios e violentos e eu desisti não ir não por isso, já que sou destemida, mas porque meu meu pai não deixou mesmo. Mas uma amiga foi e eu aproveitei pra ouvir o que ela contou com toda minha atenção. Ontem na aula de francês um colega fez uma apresentação sobre uma visita ao Egito, pirâmides e Vale dos Reis, em uma cidade mais ao sul do Cairo. Nessas de ouvir sobre o Egito, me lembrei de várias coisas, afinal viajar através de histórias é também interessante.
A minha amiga me contava sobre como achava que visitar as pirâmides seria uma experiência muito impactante e quase "espiritual", imagina, visitar a tumba de um faraó... mas então ela se deu conta de que num país pobre e em crise, bem na porta da tumba tinha mesmo eram vários ambulantes vendendo chaveirinhos de pirâmide e afins. Meu colega da aula de francês lembrou que na rua bem em frente à entrada pra visitação tem um... KFC (pausa dramática para esse fato).
Isso nos leva à essa imagem do google, que minha amiga me mostrou pra dizer que as pirâmides não ficavam mais no meio deserto, e sim que a cidade do Cairo tinha crescido e chegado bem pertinho delas.
Na aula de francês conversamos sobre como lá no Egito esses patrimônios tinham uma proteção muito frágil: ele contou que diversas paredes com hieroglifos podiam ser tocadas pelos turistas e que os templos dos faraós foram diversas vezes roubados. Os guias que conduziam as visitas pelo vale dos reis eram facilmente flexíveis quando recebiam uns trocados, fotos proibidas e nomes escritos à chave nas paredes levavam vista grossa. (Porque as pessoas tem necessidade de escrever seus nomes em qualquer patrimônio lugar?)
O Egito é um dos lugares que mais me fascina no mundo, acho que deve ser uma viagem imperdível. Me impressionante a quantidade de coisa que os impérios faraônicos deixaram: quase todo museu que eu fui na Europa tinha uma sala ou várias salas dedicadas ao país. Eu chegava a pensar se havia sobrado algum objeto ou estátua ou múmia importante por lá ou se o país tinha sido saqueado, mas felizmente sempre que ouço falar dessas viagens me contam que há muito conservado e mantido por lá. *** Em Paris há uma praça muito famosa de onde sai a Avenida Champs Elysée: Place de la Concorde. É a praça onde foram guilhotinados o rei Luis XVI, Maria Antonieta e companhia, em 1793, durante a Revolução Francesa. Bem no meio dela há um obelisco bem grande, que foi instalado ali algumas décadas depois, em 1831. Adivinha de onde veio o obelisco? Doado diretamente da entrada do templo egípcio de Luxor. *** O museu das coisas que roubamos do mundo das Artes e Civilizações da África, Ásia, Oceania e América é um dos museus mais incríveis que já visitei na vida. Chamado Musée du Quai Branly, fica quase embaixo da Torre Eiffel, mas até onde me consta não faz parte dos roteiros turísticos principais de Paris. Os objetos expostos do mundo inteiro vinham de tribos indígenas, ameríndios e vários outros nomes de povos do mundo e me deixaram de queixo caído: cerâmicas, armas, máscaras e vestimentas, das mais incríveis formas e cores estavam expostas de maneira impressionante. Entre a iluminação das salas do museu e as cores fortes das paredes, eu saí de lá com uma sensação ambígua. Talvez esses objetos devessem estar nos seus países de origem, mais acessíveis às suas populações e compondo seu patrimônio. Mas Paris é uma cidade "acessível" em escala global e aquele era um museu realmente especial. Mais ou menos na época dessa visita, o Museu Nacional queimou no Rio de Janeiro.
Uma ótima viagem a todos! :)
: Dicas a bordo :
~ Êee faraó: o Egito invadiu a Bahia em 1987 com a música de Margareth Menezes. "Faraó, divindade do Egito", foi o primeiro samba-reggae gravado no Brasil e um marco pro carnaval. Se você é do Rio, já deve ter visto o bloco Viemos da Egyto e o maravilhoso Agytoê (sdds 2014!)
~ Destino pra quê? "Norte é para onde eu vou"
~Bom mesmo é ter cidades humanizadas. Nesse poscast excelente, uma entrevista com Nathália Garcia, do "Cidades para pessoas".
Até a próxima,
Luísa
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