eu acho muito irônico que ~a internet~ tenha opiniões fortes sobre joutjout ter decidido viver uma vida em paz longe da internet (de saneamento básico também, mas principalmente da internet). quer dizer, certa ela.
mas, eu também acho que atualmente poder escolher viver em uma paz sem notícias, sem conexão em tempo real também está atrelado a riqueza. é preciso ser muito rico pra poder não ter um celular. não precisar receber mensagens de empregador. ou até não ter que acessar um aplicativo que garanta à pessoa algum benefício social ao qual ela tem direito.
Nossa, total, Babi!!!! E no final é isso, ela juntou muito dinheiro e não precisa trabalhar (fora de casa). Ela fala isso com todas as letras. Pra uma pessoa normal, configurações muito diferentes teriam que estar postas pra isso funcionar. Aliás faltou falar de Capitão Fantástico, filme que eu amo de paixão, mas só lembrei depois kkkkkk. É radical, mas já tem uma proposta consciente de produção de um outro mundo. Já é oooutra coisa. Você viu esse?
é que eu entendo a julia. eu queria ficar rica pra ter paz, não pra ter um carro do ano ou um apartamento gigante. tá certa ela. mas não é uma solução coletiva, de fato (e o próprio capitão fantástico - que eu vi sim e gostei muito - também se enfrenta com essas contradições indivíduo x coletivo/família, né?).
Eu ia comentar exatamente este filme e como achei certeira a foto de into the wild na capa e como eu tenho coisas o comentar c você acerca de um talk que eu fui nesta semana! Haha
Eu acho que a gente está se enganando, de verdade. Acho que apontar pra esses casos e gritar: "olha que ricoooooo!! só rico pode fazer isso!!" parte de um lugar de sofrimento emocional real. Não são só os ricos que podem viver com menos consumo, menos celular, menos redes sociais, menos dependência nesse rolamento de feed eterno a que todos parecemos estar condenados. Mas, ainda assim, continuamos presos na roda.
Sim, abandonar de vez hoje é um privilégio. Mas abandonar de vez não é a única opção pra viver melhor nesse mundo louco. O sistema foi construído para nos cercar e nos fazer de ativos de um mercado da atenção comandado por bilionários do qual poucos de nós podem escapar. Mas tem muito que poderíamos fazer no meio do caminho, mas simplesmente preferimos não lidar com nenhum desconforto, preferimos nos manter nesse estado maluco de nervosismo eterno em que ninguém consegue mais esperar uma comida chegar no restaurante sem ficar rodando o feed e respondendo mensagem. No fim das contas preferimos comprar todas as possibilidades de fuga do desconforto interno que nos são oferecidas e depois gritar que tem que ser muito rico pra abrir mão de tudo.
kkkkkk oi Vana! to rindo pq acho que seu comentário tem um certo tom engraçado, mas sim, o assunto é sério. Pois é, eu acho que o argumento de "tem que ser muito rico", é pareado com a situação de pessoas que estão em uma situação de "desconforto" muito grande, ou de violência mesmo, e não pode conceber isso como uma escolha, que só consegue pensar em alcançar uma outra configuração de vida. E eu entendo isso, acho que faz muito sentido até. Mas existe essa outra situação, onde a pessoa tá apenas vivendo a vida dela, questiona algumas coisas e decide vivenciar uma rotina diferente, nada mais. Tá mais ligado aos valores de vida da pessoa. E nem precisa ir pro mato pra isso né, conheço gente que vive na cidade de formas mais ou menos simples, mais ou menos ostensivas. Agora, a angústica que o sistema informacional nos impõe hoje, e que você relata, acho que é verdadeira demais, mas talvez seja outro tópico ainda (mas que, parando pra pensar, foi o que levou a Joutjout a repensar a forma de vida dela, né?)
Me parece que as pessoas se colocam numa situação de desconforto para viver uma experiência transformadora. É meio difícil a gente se reinventar como pessoa vivendo a mesma rotina casa-trabalho (ou então vendo documentário na Netflix…) Se a experiência foi transformadora ou não, e qual a natureza dessa transformação, é uma informação que interessa a pessoa, mas que pode interessar a outros que buscam uma virada na sua vida também. Quem vive na pobreza absoluta provavelmente não pode ser dar ao luxo de ter uma experiência transformadora; mas tirando essa situação extrema, quando se tem menos de repente é mais fácil jogar tudo pro alto; é no medo de perder o que se tem que a gente se âncora pra não arriscar
"É no medo de perder o que se tem que a gente se ancora pra não arriscar" - sobre isso, eu acompanho uma influencer brasileira (Fe Neute) que morou em NY e se mudou pra LA pq disse que NY era uma cidade com muito "atrito", que acaba gerando uma rotina desgastante e com hábitos de vida muito pouco saudáveis, que era o que ela buscava naquele momento. Achei corajoso pq nunca tinha visto ng criticar um A de NY, que é uma cidade que oferece muito, mesmo essa brasileira assumiu isso. Acho que ressoa com o que você disse, pq às vezes uma vida com "muito" (mil aspas, por favor) pode gerar tanto stress, tanto trablho extra, que uma vida mais simples, pode, paradoxalmente, ser mais gostosa de se viver no dia a dia. Agora, vou discordar na parte de ser difícil se reinventar vivendo a mesma rotina casa trabalho - é nessa mesma definição de rotina que ta o problema, pra mim. Que casa? que trabalho? que translado? que relações? que hobbies? que paisagens? Acho que dá pra mudar e MUITO a vida estando exatamente no mesmo lugar, com atitudes até simples. Enfim haahhaha falei muito, mas obrigada pelo comentário, me deixou pensativa.
"Jornada do Herói "é a estrutura narrativa mais utilizada em romances, mitos, lendas e obras narrativas a centenas de anos. Mesmo quando ela não existe dentro de uma expedição ou uma jornada, a mídia, na hora de passar pro público, utiliza a estrutura porque ja é algo que o público esta mais "acostumando a consumir". Isso acontece desde os primeiros contos gregos até os filmes atuais da Marvel. Mas sabemos que nada é mais heróico que a jornada de uma mãe solteira com dois empregos em uma grande capital brasileira, só que a gente sabe porque essa narrativa não é utilizada nos jornais. Quando Aretha Duarte foi a 1ª mulher negra latino-americana a chegar ao topo do Everest, a gente que é brasileiro celebrou, mas também sabemos porque a jornada dela não vai ser tão valorizada pela mídia quanto a Tamara Klink. Agora o conceito de escolher viver com menos da Jout Jout ja é uma tendência pra quem tem a chance de escolher. O conceito se chama simplicidade de voluntaria. Ex: Quando você compra um carro pra viver na cidade grande, você precisa pagar parcelas, multas, depreciação, estacionamentos, manutenção, seguro, acessórios, flanelinhas, IPVA. Tem que se preocupar em não ser roubado no sinal, não ser furtado quando estacionado e por ai vai. Pra pagar tudo isso, é preciso trabalhar mais e consequentemente, perder mais tempo de vida. Agora quando você decide viver em uma cidade pequena, no interior do Brasil, você pode fazer tudo a pé, pode dormir com a casa aberta, não tem que se preocupar com assaltos e precisa trabalhar menos porque você não precisa do carro, por exemplo. O mesmo serve pra uma casa maior, e por ai vai. Trabalhando menos, você tem mais tempo pra cuidar da saúde, e gastar menos dinheiro com remédios, exames e ainda uma tem qualidade de vida melhor mesmo tendo "menos estrutura". Tem muita gente que nasceu e cresceu em cidade grande e não tem a menor noção do quanto viver em cidade pequena é diferente.
Penso que muita gente tem dificuldade de perceber a diferença entre "pobreza" e "estilo de vida simples".
Ser simples e ter um estilo de vida simples e um jeito simples de enxergar a vida independe da quantidade de grana que vc acumula na conta bancária.
Conheço pessoas com muita grana e que abraçam voluntariamente um estilo de vida mais simples e gente à beira da pobreza entupido de dividas e vivendo a soberba de uma estética instagramavel de ser bem sucedido.
Tipo, tem uma série da Netflix sobre a questão das redes sociais, logaritmo e não lembro o nome. Mas o que me marcou nele foi a forma como os CEOs dessas empresas criam os filhos: basicamente como se eles vivessem nos anos 50, sem telas e com brinquedos de madeira.
Eu vejo esse "movimento" da Jout Jout e vejo aí muita vanguarda sabe?
Muitos amigos meus, que não são riiiiiicos, mas são tipo concursados com bons salários, estamos morando em sítios (não sei como se expressa isso em outras regiões, mas basicamente compra um terreno grande, num lugar mais afastado, taca um muro ao redor e l, sei lá, uma casa ao centro, horta, galinhas, essas coisas) em regiões mais afastadas aqui de Fortaleza (onde moro). Muitos não tem mais redes sociais, expõe os filhos a vinis e brincadeiras mais orgânicas.
Enquanto há esse bombardeio de imagens do suco da ostentação nas redes sociais, os "novos ricos" influencers com dente de ouro, cordões de ouro, mansões faraônicas, carros luxuosos, surge uma leva de gente propondo uma quase contracultura de um estilo de vida simples.
Jout Jout provavelmente nem faça isso de forma proposital como um movimento. Mas realmente ela está somente materializando um zeitgeist que cresce cada dia mais.
Oi George! Obrigada pelo comentário!!! Concordo demais com essa perspectiva. Também tenho amigos de N classes que vivem de forma mais simples, a ostentação não é o único caminho possível, pra uma vida plena, ao contrário do que as redes as vzs pregam.
Nossa Richard, eu tinha perdido seu comentário, perdão! Pela interface do substack, acabei vendo apenas o do George, que já era uma resposta à vc.
Concordo com o ponto da jornada do herói! Quando ao carro, achei curioso o exemplo pq, mesmo em metrópoles, há quem opte por não tê-los, pelos menos motivos que você citou, quando, por exemplo, o sistema de metrô atende a pessoa. Com isso quero dizer que dá pra ter uma vida mais simples mesmo na cidade grande.
A história da Aretha Duarte eu não conhecia, obrigada pelo comentário e considerações!! O debate aqui tá sendo muito legal!
Adorei tudo o que escreveu e o ponto 13 é excelente. Eu particularmente tenho muita dificuldade em admirar pessoas endinheiradas que saem se aventurando por aí; claro que no caso da Tamara têm o valor do _feito_ por uma mulher, mas minha admiração fica limitada a esse ponto. Obrigada pelo texto!
Oi Giuliana, mto obrigada pelo comentário!! Esse ponto 13 fiquei com o maior medo de escrever, pq achei que ng concordaria hahahahahah tô me sentindo acolhida aqui na minha angústia s2s2s2 hahaha
O que eu achei muito legal no roda viva da Tamara foi o quanto ela reforçou, algumas vezes, que as maiores descobertas desse período de isolamento dela trouxe, ela poderia ter tido sem sair de casa.
Sim! Ela fala no começo sobre ter voltado outra pessoa, que liga menos pra códigos sociais. Comenta sobre a importância das pessoas e do tempo na vida dela, sobre roupa passada, forma de se apresentar. Várias coisas mais sociais assim. Mas gostei de quando ela fala que não precisaria ter ido tão longe pra perceber tudo isso, sabe. Acho que ela mostra muito essa mesma questão que você citou de "não precisar se arriscar ou se colocar em risco de vida". Des-romantiza um pouco, pra mim pelo menos, esse feito de invernagem dela. E daí, assim, sigo admirando porque dificil-pra-caramba ter feito o que ela fez, mas é menos heroico e mais, não sei, aventureiro. Gosto dos pontos que ela coloca sobre os homens serem aventureiros-e-desbravadores e as mulheres serem malucas e tal (sei que você não fez esse recorte de gênero, só trazendo à tona mesmo rs)
um professor me disse uma vez que os grandes questionamentos existenciais, que trazem as respostas que o ser humano de fato precisa, só acontecem a partir de um lugar de conforto. se não me engano, o Bhagavad-gita, que conta a história do Krishna, explica como o contato com a existência e o real propósito da vida acontece quando as demais necessidades do corpo estão, de fato, satisfeitas.
é por isso que a gente vive na tal roda de samsara, evoluindo até chegar no ponto que esse contato é possível.
e digo isso não pra romantizar a riqueza e os questionamentos existenciais, mas porque no caso da Tamara Klink, por exemplo, vejo como isso foi o que aconteceu. de um lugar de hiper conforto, ela se colocou no desconforto e entrou em contato com algo mais profundo sobre a própria existência.
isso, claro, não justifica a desigualdade, a violência estatal que você relata nem o palco que a gente dá pra essas pessoas ou o impacto (de fato, bem pequeno) que elas têm no coletivo com essas experiências. mas me fez refletir sobre essa questão talvez mais espiritual, que leva pessoas em sofrimento emocional a buscar um desconforto gigante pra encontrar uma resposta além do materialismo.
Oi Maki, que legal seu comentário! Esse assunto é tão profundo, tem muitas camadas mesmo. Uma das coisas que pensei sobre a Tamara vendo a entrevista dela é como ela parece ser uma filósofa "em prática", tipo isso que você falou, se colocando em experiências mais ou menos extremas e extraindo reflexões sobre isso. Acho que o trabalho dela ganha muito com o fato de que ela escreve, ou seja, problematiza, reflete e compartilha essas reflexões. Obrigada pelo comentário :)
O mundo está divido entre as pessoas que podem escolher e as que não podem. Infelizmente. Mas dá para organizar, espero. O tribunal da internet é cansativo. Ótimo texto para refletir. Obrigado por ajudar a organizar um pouco as sentenças deferidas. Abraço.
Cheguei no substack agora e me deparei com teu texto e que coisa boa de ler isso. Explico: Quando saiu o filme que tu usou de capa fui assistir pq todo mundo estava assistindo, e odiei cara segundo desse filme (tirando a trilha do Eddie Vedder), fiquei me perguntando pq uma pessoa que tem tudo, só decide largar o que tem e viver no mato? Morrer no mato? Sempre achei o personagem arrogante, e principalmente, desconectado totalmente da natureza a ponto de achar que conseguiria doma-la, pq obviamente no seu cotidiano de rico que possui tudo na mão, domar a natureza seria só mais uma conquista pessoal, no meio de tantas outras. E comentei com amigos escrevi num blog que tinha, como pra mim era só um filme de um playboy desconectado da realidade, e várias pessoas falavam da experiência que só ele teve, que o cara é uma inspiração 🫠
Nossa Lázaro que bom ler isso!!!!!! Eu também fiquei com muita raiva do filme e me senti deslocada pq todo mundo ama! Só a trilha do Eddie Vedder que salva mesmo. Concordo totalmente com você, não consigo admirar um menino com uma atitude simplória e arrogante dessas e achei otimo seu ponto tambem de que tem muitas outras formas de se conectar e admirar a natureza! ♡
Adorei o texto - sincronia mencionar Tamara e Jout Jout - que são pessoas que já pude ler e ouvir muitas vezes - justamente por essas perspectivas e desconstruções. ✨️
Engraçado que eu escrevi exatamente pq não vi ng falando sobre isso desse ponto de vista, linkando joutjout e tamara, e etc. Se quiser compartilhar aqui outros "mesmos" vc leu, gostaria de ler também.
Acho válido lembrar que a Joutjout não "voltou". Ela foi achada depois de muita insistência da entrevistadora e ai sim topou falar. Ou seja, não estava romantizando a vida dela na internet, apenas vivendo.
Outra coisa que me pega muito sempre que falam dessa história é falar que "a pessoa tem que ser muito rica pra ir viver assim". No caso da Tamara, obviamente ela tem um ótimo respaldo financeiro, até porque toda a aventura dela exige uma grana, bons equipamento, um barco, um treinamento muito específico e etc..
Mas no caso de simplesmente ir viver em uma cidade pequena, longe de centros urbanos, sem celular e muito contato com o caos, não é lá bem coisa de rico. Essa percepção de que se precisa ter muito dinheiro pra fazer isso diz mais sobre a pessoa que está tendo essa noção, do que sobre a realidade em si, que não é universal.
Olá, Gabriel, tudo bem? Gostei do seu comentário e da resposta da Luisa. Casos particulares são complexos de analisar, por isso pensar em generalizações ou tendências é uma faca de dois gumes, que facilita o debate mas incorre a erros. Pela minha experiência de trilheiro (e contato com pessoas que "largaram tudo e foram viver no mato"), percebi que, pra uma pessoa abrir mão de alguns confortos e ter uma vida simples, é necessário um conjunto de fatores, que inclui, acima de tudo, os dois pontos que vocês levantaram, cada um enfatizando um deles.
O primeiro é o desapego material. Nisso entra o que você falou, que não precisa ser tão rico pra ter essa escolha. Existem pessoas que "não conseguem viver" com menos de R$ 10 mil por mês, essas dificilmente conseguiriam escolher ter uma vida simples. Mas pessoas que não são materialistas conseguem ter uma vida agradável, e às vezes até melhor, com muito menos consumo.
O outro lado, igualmente importante, eu descobri quando conversei com um dinamarquês, que disse que lá as pessoas não trabalham excessivamente porque não se importam em acumular dinheiro pra velhice. Elas confiam que o serviço público vai cuidar delas e não passarão necessidades. Com isso, eu vi que nós temos essa mentalidade de trabalhar pra juntar dinheiro, de pagar INSS, de ter a casa própria, porque temos uma insegurança pro futuro muito grande. Então, pra uma pessoa "largar tudo" e ir pro mato, ela precisa ter um dinheiro guardado pra caso tenha uma emergência saúde, por exemplo. Todas as pessoas que conheci vivendo no mato eram brancas que "largaram tudo". Nenhuma era uma pessoa pobre que pensou "eu já não tenho nada, não preciso largar nada, apenas vou sair por aí vivendo com adrenalina". Quando eu contei esse pensamento pro meu marido, ele disse: "eu até poderia largar tudo por mim, mas e o plano de saúde da minha mãe que eu pago todo mês?". Ou seja: não basta a pessoa ter desapego e ter algum recurso, ela precisa ter uma família estabilizada!
Oi Marcos!!! Obrigada pelo comentário!!!! São ótimos pontos também. São experiências muito intensas essas de mudanças radicais de vida. Tô adorando o debate aqui pq nos ajuda a conhecer outro parâmetros sem que a gente mesmo tenha que passar por isso. Esses dias uma amiga comentou comigo de pessoas do nordeste que voltaram, depois de "tentar a vida" no sudeste, por se decepcionaram e prepefir o estilo de vida em que cresceram. São realidades distantes pra mim, mas cada um que for experimentar algo assim cresce ao considerar mais pontos de vista, creio eu :)
Oi Gabriel, mas eu não falei que ela voltou, falei? De toda forma, também acho válido lembrar que rla falou porque quis. E, se formos confiar no relato da jornalista, nem titubeou. Mas sim, concordo que dizer que só é coisa de rico é um ponto de vista a partir de um olhar especifico. Eu também escrevi que tem gente que apenas vai viver de modo mais simples e tão no seu direito, é isso aí, concordo total com vc.
eu acho muito irônico que ~a internet~ tenha opiniões fortes sobre joutjout ter decidido viver uma vida em paz longe da internet (de saneamento básico também, mas principalmente da internet). quer dizer, certa ela.
mas, eu também acho que atualmente poder escolher viver em uma paz sem notícias, sem conexão em tempo real também está atrelado a riqueza. é preciso ser muito rico pra poder não ter um celular. não precisar receber mensagens de empregador. ou até não ter que acessar um aplicativo que garanta à pessoa algum benefício social ao qual ela tem direito.
Nossa, total, Babi!!!! E no final é isso, ela juntou muito dinheiro e não precisa trabalhar (fora de casa). Ela fala isso com todas as letras. Pra uma pessoa normal, configurações muito diferentes teriam que estar postas pra isso funcionar. Aliás faltou falar de Capitão Fantástico, filme que eu amo de paixão, mas só lembrei depois kkkkkk. É radical, mas já tem uma proposta consciente de produção de um outro mundo. Já é oooutra coisa. Você viu esse?
é que eu entendo a julia. eu queria ficar rica pra ter paz, não pra ter um carro do ano ou um apartamento gigante. tá certa ela. mas não é uma solução coletiva, de fato (e o próprio capitão fantástico - que eu vi sim e gostei muito - também se enfrenta com essas contradições indivíduo x coletivo/família, né?).
sim, total!!! concordo demais, pra mim também a paz é a maior riqueza
Eu ia comentar exatamente este filme e como achei certeira a foto de into the wild na capa e como eu tenho coisas o comentar c você acerca de um talk que eu fui nesta semana! Haha
Aí querooooooo😍
Eu acho que a gente está se enganando, de verdade. Acho que apontar pra esses casos e gritar: "olha que ricoooooo!! só rico pode fazer isso!!" parte de um lugar de sofrimento emocional real. Não são só os ricos que podem viver com menos consumo, menos celular, menos redes sociais, menos dependência nesse rolamento de feed eterno a que todos parecemos estar condenados. Mas, ainda assim, continuamos presos na roda.
Sim, abandonar de vez hoje é um privilégio. Mas abandonar de vez não é a única opção pra viver melhor nesse mundo louco. O sistema foi construído para nos cercar e nos fazer de ativos de um mercado da atenção comandado por bilionários do qual poucos de nós podem escapar. Mas tem muito que poderíamos fazer no meio do caminho, mas simplesmente preferimos não lidar com nenhum desconforto, preferimos nos manter nesse estado maluco de nervosismo eterno em que ninguém consegue mais esperar uma comida chegar no restaurante sem ficar rodando o feed e respondendo mensagem. No fim das contas preferimos comprar todas as possibilidades de fuga do desconforto interno que nos são oferecidas e depois gritar que tem que ser muito rico pra abrir mão de tudo.
kkkkkk oi Vana! to rindo pq acho que seu comentário tem um certo tom engraçado, mas sim, o assunto é sério. Pois é, eu acho que o argumento de "tem que ser muito rico", é pareado com a situação de pessoas que estão em uma situação de "desconforto" muito grande, ou de violência mesmo, e não pode conceber isso como uma escolha, que só consegue pensar em alcançar uma outra configuração de vida. E eu entendo isso, acho que faz muito sentido até. Mas existe essa outra situação, onde a pessoa tá apenas vivendo a vida dela, questiona algumas coisas e decide vivenciar uma rotina diferente, nada mais. Tá mais ligado aos valores de vida da pessoa. E nem precisa ir pro mato pra isso né, conheço gente que vive na cidade de formas mais ou menos simples, mais ou menos ostensivas. Agora, a angústica que o sistema informacional nos impõe hoje, e que você relata, acho que é verdadeira demais, mas talvez seja outro tópico ainda (mas que, parando pra pensar, foi o que levou a Joutjout a repensar a forma de vida dela, né?)
Me parece que as pessoas se colocam numa situação de desconforto para viver uma experiência transformadora. É meio difícil a gente se reinventar como pessoa vivendo a mesma rotina casa-trabalho (ou então vendo documentário na Netflix…) Se a experiência foi transformadora ou não, e qual a natureza dessa transformação, é uma informação que interessa a pessoa, mas que pode interessar a outros que buscam uma virada na sua vida também. Quem vive na pobreza absoluta provavelmente não pode ser dar ao luxo de ter uma experiência transformadora; mas tirando essa situação extrema, quando se tem menos de repente é mais fácil jogar tudo pro alto; é no medo de perder o que se tem que a gente se âncora pra não arriscar
"É no medo de perder o que se tem que a gente se ancora pra não arriscar" - sobre isso, eu acompanho uma influencer brasileira (Fe Neute) que morou em NY e se mudou pra LA pq disse que NY era uma cidade com muito "atrito", que acaba gerando uma rotina desgastante e com hábitos de vida muito pouco saudáveis, que era o que ela buscava naquele momento. Achei corajoso pq nunca tinha visto ng criticar um A de NY, que é uma cidade que oferece muito, mesmo essa brasileira assumiu isso. Acho que ressoa com o que você disse, pq às vezes uma vida com "muito" (mil aspas, por favor) pode gerar tanto stress, tanto trablho extra, que uma vida mais simples, pode, paradoxalmente, ser mais gostosa de se viver no dia a dia. Agora, vou discordar na parte de ser difícil se reinventar vivendo a mesma rotina casa trabalho - é nessa mesma definição de rotina que ta o problema, pra mim. Que casa? que trabalho? que translado? que relações? que hobbies? que paisagens? Acho que dá pra mudar e MUITO a vida estando exatamente no mesmo lugar, com atitudes até simples. Enfim haahhaha falei muito, mas obrigada pelo comentário, me deixou pensativa.
Concordo com você, nosso conceito de heroísmo está bem distorcido, embora nos ensine um bocado estas pessoas que se colocam “no limite”.
pois é, adriana!!
"Jornada do Herói "é a estrutura narrativa mais utilizada em romances, mitos, lendas e obras narrativas a centenas de anos. Mesmo quando ela não existe dentro de uma expedição ou uma jornada, a mídia, na hora de passar pro público, utiliza a estrutura porque ja é algo que o público esta mais "acostumando a consumir". Isso acontece desde os primeiros contos gregos até os filmes atuais da Marvel. Mas sabemos que nada é mais heróico que a jornada de uma mãe solteira com dois empregos em uma grande capital brasileira, só que a gente sabe porque essa narrativa não é utilizada nos jornais. Quando Aretha Duarte foi a 1ª mulher negra latino-americana a chegar ao topo do Everest, a gente que é brasileiro celebrou, mas também sabemos porque a jornada dela não vai ser tão valorizada pela mídia quanto a Tamara Klink. Agora o conceito de escolher viver com menos da Jout Jout ja é uma tendência pra quem tem a chance de escolher. O conceito se chama simplicidade de voluntaria. Ex: Quando você compra um carro pra viver na cidade grande, você precisa pagar parcelas, multas, depreciação, estacionamentos, manutenção, seguro, acessórios, flanelinhas, IPVA. Tem que se preocupar em não ser roubado no sinal, não ser furtado quando estacionado e por ai vai. Pra pagar tudo isso, é preciso trabalhar mais e consequentemente, perder mais tempo de vida. Agora quando você decide viver em uma cidade pequena, no interior do Brasil, você pode fazer tudo a pé, pode dormir com a casa aberta, não tem que se preocupar com assaltos e precisa trabalhar menos porque você não precisa do carro, por exemplo. O mesmo serve pra uma casa maior, e por ai vai. Trabalhando menos, você tem mais tempo pra cuidar da saúde, e gastar menos dinheiro com remédios, exames e ainda uma tem qualidade de vida melhor mesmo tendo "menos estrutura". Tem muita gente que nasceu e cresceu em cidade grande e não tem a menor noção do quanto viver em cidade pequena é diferente.
Eu lendo seu comentário no interior de Goiás às 03:00 da madrugada com a porta aberta olhando pro céu nublado 🤭 muito bom seu texto, Richard!
Excelente texto.
Penso que muita gente tem dificuldade de perceber a diferença entre "pobreza" e "estilo de vida simples".
Ser simples e ter um estilo de vida simples e um jeito simples de enxergar a vida independe da quantidade de grana que vc acumula na conta bancária.
Conheço pessoas com muita grana e que abraçam voluntariamente um estilo de vida mais simples e gente à beira da pobreza entupido de dividas e vivendo a soberba de uma estética instagramavel de ser bem sucedido.
Tipo, tem uma série da Netflix sobre a questão das redes sociais, logaritmo e não lembro o nome. Mas o que me marcou nele foi a forma como os CEOs dessas empresas criam os filhos: basicamente como se eles vivessem nos anos 50, sem telas e com brinquedos de madeira.
Eu vejo esse "movimento" da Jout Jout e vejo aí muita vanguarda sabe?
Muitos amigos meus, que não são riiiiiicos, mas são tipo concursados com bons salários, estamos morando em sítios (não sei como se expressa isso em outras regiões, mas basicamente compra um terreno grande, num lugar mais afastado, taca um muro ao redor e l, sei lá, uma casa ao centro, horta, galinhas, essas coisas) em regiões mais afastadas aqui de Fortaleza (onde moro). Muitos não tem mais redes sociais, expõe os filhos a vinis e brincadeiras mais orgânicas.
Enquanto há esse bombardeio de imagens do suco da ostentação nas redes sociais, os "novos ricos" influencers com dente de ouro, cordões de ouro, mansões faraônicas, carros luxuosos, surge uma leva de gente propondo uma quase contracultura de um estilo de vida simples.
Jout Jout provavelmente nem faça isso de forma proposital como um movimento. Mas realmente ela está somente materializando um zeitgeist que cresce cada dia mais.
Oi George! Obrigada pelo comentário!!! Concordo demais com essa perspectiva. Também tenho amigos de N classes que vivem de forma mais simples, a ostentação não é o único caminho possível, pra uma vida plena, ao contrário do que as redes as vzs pregam.
Nossa Richard, eu tinha perdido seu comentário, perdão! Pela interface do substack, acabei vendo apenas o do George, que já era uma resposta à vc.
Concordo com o ponto da jornada do herói! Quando ao carro, achei curioso o exemplo pq, mesmo em metrópoles, há quem opte por não tê-los, pelos menos motivos que você citou, quando, por exemplo, o sistema de metrô atende a pessoa. Com isso quero dizer que dá pra ter uma vida mais simples mesmo na cidade grande.
A história da Aretha Duarte eu não conhecia, obrigada pelo comentário e considerações!! O debate aqui tá sendo muito legal!
Adorei tudo o que escreveu e o ponto 13 é excelente. Eu particularmente tenho muita dificuldade em admirar pessoas endinheiradas que saem se aventurando por aí; claro que no caso da Tamara têm o valor do _feito_ por uma mulher, mas minha admiração fica limitada a esse ponto. Obrigada pelo texto!
😍
Achei excelente seu texto!
Ponto 13: concordo com você em cada palavra!
Oi Giuliana, mto obrigada pelo comentário!! Esse ponto 13 fiquei com o maior medo de escrever, pq achei que ng concordaria hahahahahah tô me sentindo acolhida aqui na minha angústia s2s2s2 hahaha
O que eu achei muito legal no roda viva da Tamara foi o quanto ela reforçou, algumas vezes, que as maiores descobertas desse período de isolamento dela trouxe, ela poderia ter tido sem sair de casa.
É mesmo, Ianca? Não tô lembrando disso. Tipo o que?
Sim! Ela fala no começo sobre ter voltado outra pessoa, que liga menos pra códigos sociais. Comenta sobre a importância das pessoas e do tempo na vida dela, sobre roupa passada, forma de se apresentar. Várias coisas mais sociais assim. Mas gostei de quando ela fala que não precisaria ter ido tão longe pra perceber tudo isso, sabe. Acho que ela mostra muito essa mesma questão que você citou de "não precisar se arriscar ou se colocar em risco de vida". Des-romantiza um pouco, pra mim pelo menos, esse feito de invernagem dela. E daí, assim, sigo admirando porque dificil-pra-caramba ter feito o que ela fez, mas é menos heroico e mais, não sei, aventureiro. Gosto dos pontos que ela coloca sobre os homens serem aventureiros-e-desbravadores e as mulheres serem malucas e tal (sei que você não fez esse recorte de gênero, só trazendo à tona mesmo rs)
um professor me disse uma vez que os grandes questionamentos existenciais, que trazem as respostas que o ser humano de fato precisa, só acontecem a partir de um lugar de conforto. se não me engano, o Bhagavad-gita, que conta a história do Krishna, explica como o contato com a existência e o real propósito da vida acontece quando as demais necessidades do corpo estão, de fato, satisfeitas.
é por isso que a gente vive na tal roda de samsara, evoluindo até chegar no ponto que esse contato é possível.
e digo isso não pra romantizar a riqueza e os questionamentos existenciais, mas porque no caso da Tamara Klink, por exemplo, vejo como isso foi o que aconteceu. de um lugar de hiper conforto, ela se colocou no desconforto e entrou em contato com algo mais profundo sobre a própria existência.
isso, claro, não justifica a desigualdade, a violência estatal que você relata nem o palco que a gente dá pra essas pessoas ou o impacto (de fato, bem pequeno) que elas têm no coletivo com essas experiências. mas me fez refletir sobre essa questão talvez mais espiritual, que leva pessoas em sofrimento emocional a buscar um desconforto gigante pra encontrar uma resposta além do materialismo.
Oi Maki, que legal seu comentário! Esse assunto é tão profundo, tem muitas camadas mesmo. Uma das coisas que pensei sobre a Tamara vendo a entrevista dela é como ela parece ser uma filósofa "em prática", tipo isso que você falou, se colocando em experiências mais ou menos extremas e extraindo reflexões sobre isso. Acho que o trabalho dela ganha muito com o fato de que ela escreve, ou seja, problematiza, reflete e compartilha essas reflexões. Obrigada pelo comentário :)
O mundo está divido entre as pessoas que podem escolher e as que não podem. Infelizmente. Mas dá para organizar, espero. O tribunal da internet é cansativo. Ótimo texto para refletir. Obrigado por ajudar a organizar um pouco as sentenças deferidas. Abraço.
❤️obrigada, Samuel!
Nossa que texto bom, velho.
Brigada Douglas!!! *.*
Cheguei no substack agora e me deparei com teu texto e que coisa boa de ler isso. Explico: Quando saiu o filme que tu usou de capa fui assistir pq todo mundo estava assistindo, e odiei cara segundo desse filme (tirando a trilha do Eddie Vedder), fiquei me perguntando pq uma pessoa que tem tudo, só decide largar o que tem e viver no mato? Morrer no mato? Sempre achei o personagem arrogante, e principalmente, desconectado totalmente da natureza a ponto de achar que conseguiria doma-la, pq obviamente no seu cotidiano de rico que possui tudo na mão, domar a natureza seria só mais uma conquista pessoal, no meio de tantas outras. E comentei com amigos escrevi num blog que tinha, como pra mim era só um filme de um playboy desconectado da realidade, e várias pessoas falavam da experiência que só ele teve, que o cara é uma inspiração 🫠
Nossa Lázaro que bom ler isso!!!!!! Eu também fiquei com muita raiva do filme e me senti deslocada pq todo mundo ama! Só a trilha do Eddie Vedder que salva mesmo. Concordo totalmente com você, não consigo admirar um menino com uma atitude simplória e arrogante dessas e achei otimo seu ponto tambem de que tem muitas outras formas de se conectar e admirar a natureza! ♡
Adorei o texto - sincronia mencionar Tamara e Jout Jout - que são pessoas que já pude ler e ouvir muitas vezes - justamente por essas perspectivas e desconstruções. ✨️
Que legal, Thereza!
De início, achei que fosse um texto indo contra a maré. Mas não, foi só mais do mesmo.
Engraçado que eu escrevi exatamente pq não vi ng falando sobre isso desse ponto de vista, linkando joutjout e tamara, e etc. Se quiser compartilhar aqui outros "mesmos" vc leu, gostaria de ler também.
Olha! Uma primeira discordância, bacana. Mas afinal, qual é a sua opinião sobre o caso? Fala aí ué
Ótimo texto sobre a "polêmica" da Jout Jout. Acho que a galera misturou muita coisa nesse debate, e você conseguiu esclarecer a questão.
Caroooooool que tudo que você leu!!!! ♡ obrigada pelo comentário!
Acho válido lembrar que a Joutjout não "voltou". Ela foi achada depois de muita insistência da entrevistadora e ai sim topou falar. Ou seja, não estava romantizando a vida dela na internet, apenas vivendo.
Outra coisa que me pega muito sempre que falam dessa história é falar que "a pessoa tem que ser muito rica pra ir viver assim". No caso da Tamara, obviamente ela tem um ótimo respaldo financeiro, até porque toda a aventura dela exige uma grana, bons equipamento, um barco, um treinamento muito específico e etc..
Mas no caso de simplesmente ir viver em uma cidade pequena, longe de centros urbanos, sem celular e muito contato com o caos, não é lá bem coisa de rico. Essa percepção de que se precisa ter muito dinheiro pra fazer isso diz mais sobre a pessoa que está tendo essa noção, do que sobre a realidade em si, que não é universal.
Olá, Gabriel, tudo bem? Gostei do seu comentário e da resposta da Luisa. Casos particulares são complexos de analisar, por isso pensar em generalizações ou tendências é uma faca de dois gumes, que facilita o debate mas incorre a erros. Pela minha experiência de trilheiro (e contato com pessoas que "largaram tudo e foram viver no mato"), percebi que, pra uma pessoa abrir mão de alguns confortos e ter uma vida simples, é necessário um conjunto de fatores, que inclui, acima de tudo, os dois pontos que vocês levantaram, cada um enfatizando um deles.
O primeiro é o desapego material. Nisso entra o que você falou, que não precisa ser tão rico pra ter essa escolha. Existem pessoas que "não conseguem viver" com menos de R$ 10 mil por mês, essas dificilmente conseguiriam escolher ter uma vida simples. Mas pessoas que não são materialistas conseguem ter uma vida agradável, e às vezes até melhor, com muito menos consumo.
O outro lado, igualmente importante, eu descobri quando conversei com um dinamarquês, que disse que lá as pessoas não trabalham excessivamente porque não se importam em acumular dinheiro pra velhice. Elas confiam que o serviço público vai cuidar delas e não passarão necessidades. Com isso, eu vi que nós temos essa mentalidade de trabalhar pra juntar dinheiro, de pagar INSS, de ter a casa própria, porque temos uma insegurança pro futuro muito grande. Então, pra uma pessoa "largar tudo" e ir pro mato, ela precisa ter um dinheiro guardado pra caso tenha uma emergência saúde, por exemplo. Todas as pessoas que conheci vivendo no mato eram brancas que "largaram tudo". Nenhuma era uma pessoa pobre que pensou "eu já não tenho nada, não preciso largar nada, apenas vou sair por aí vivendo com adrenalina". Quando eu contei esse pensamento pro meu marido, ele disse: "eu até poderia largar tudo por mim, mas e o plano de saúde da minha mãe que eu pago todo mês?". Ou seja: não basta a pessoa ter desapego e ter algum recurso, ela precisa ter uma família estabilizada!
Um grande abraço!
Oi Marcos!!! Obrigada pelo comentário!!!! São ótimos pontos também. São experiências muito intensas essas de mudanças radicais de vida. Tô adorando o debate aqui pq nos ajuda a conhecer outro parâmetros sem que a gente mesmo tenha que passar por isso. Esses dias uma amiga comentou comigo de pessoas do nordeste que voltaram, depois de "tentar a vida" no sudeste, por se decepcionaram e prepefir o estilo de vida em que cresceram. São realidades distantes pra mim, mas cada um que for experimentar algo assim cresce ao considerar mais pontos de vista, creio eu :)
Muito bom.
Oi Gabriel, mas eu não falei que ela voltou, falei? De toda forma, também acho válido lembrar que rla falou porque quis. E, se formos confiar no relato da jornalista, nem titubeou. Mas sim, concordo que dizer que só é coisa de rico é um ponto de vista a partir de um olhar especifico. Eu também escrevi que tem gente que apenas vai viver de modo mais simples e tão no seu direito, é isso aí, concordo total com vc.